quinta-feira, 17 de março de 2011

Artista FELIX ROCHAS transforma material reciclável em arte com talento e sensibilidade


Preservação do meio-ambiente e inclusão social são preceitos da sua arte

As minas de ouro do estado do Para podem ter se esgotado, mas as preciosidades não! Muito pelo contrário. Talento e sensibilidade aliados a beleza da natureza, inspiram artistas a criar verdadeiras joias que encantam o mundo, mostrando que atitudes simples transformam os valores da vida.

É o que faz Felix Rochas ser um ícone da sustentabilidade, reconhecido internacionalmente. Em seu ateliê em em ananindeua, preservação do meio-ambiente e inclusão social são preceitos da sua arte de criar artefatos de decoração, de formas e design exclusivos, a partir da reciclagem de papel kraft (papelão) papel jornal, papel revistas e encartes e uso de terras para a coloração.

O artista sempre foi ligado à arte, desde sua infância. É autodidata e para aprimorar suas aptidões naturais, frequentou vários cursos livres na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) e no Museu de Arte Contemporânea de São Paulo
Conheça melhor esse artista : Como e quando você começou a reciclar o papelãoe o papel jornal?

Felix rochas Comecei há, mais ou menos, 15 anos. Eu sempre gostei de arte e dava aulas para crianças. Um dia, moldei
um prato com restos desse material (papelão). No dia seguinte vi num supermercado, pilhas de caixas de papelão e decidi tentar dar um fim útil àquele material. Comecei a fazer experiências, triturando-as com sacos de cimentos vazios, e transformando, em seguida, em uma massa, para moldar novos objetos. Era curioso e estava dando certo.
OSM: Você já pensava em preservação do meio-ambiente?

Felix rochas: Naquela época, pouco se falava nisso, e acho até que a palavra ‘sustentabilidade’ ainda não estava tão na moda como hoje. Eu sempre gostei de plantas; de tudo da natureza, que é maravilhosa, e gostava de fazer experiências, reaproveitar materiais e passar essas experiências para as crianças, além de ajudar acabar com parte do lixo que via acumulado nas portas das casas (as caixas principalmente).

OSM: O que é sustentabilidade pra você?

Felix rochas: Hoje em dia, é comum usar a palavra sustentabilidade para quase tudo, mas não basta ter este discurso, temos de ter atitudes. Sustentabilidade é o que se faz e não o que se diz

OSM: O que você pensa da reutilização do lixo?

Felix rochas: O lixo é o material cuja oferta mais cresce no planeta. Mas não se deve pensar em mero reaproveitamento. É preciso que os objetos carreguem um sentido e causem emoção. É o que penso e faço no meu trabalho.

OSM: Pelas formas que você dá ao papelão e as folhas de papel jornal, pode-se dizer que você é um designer ou artesão?

Felix rochas: As peças podem ser um mobiliário ou não, dependendo do corpo que ganham. Por isso, digo que não sou designer. Sou um artista e artesão, que faz design de fora prá dentro: a forma me dá a função.

OSM: Algumas das suas peças mostram ter grande resistência, apesar de serem de papelãoe jornal, como isso acontece?

Felix rochas: A partir do processo técnico de agrupação da fibra da madeira, com aderentes. E o melhor do processo é esta re-transformação do papelão em madeira novamente:
- vem da madeira, é reciclado e volta a ser madeira - afinal, é quase tão resistente quanto. A busca é incessante e a história que nos move não tem fim. Esta é a beleza da criação - poder materializar novas ideias.

OSM: De onde vem a sua inspiração para as formas das suas peças?

Felix rochas: Todas as cores, formas e texturas são inspiradas na natureza. Veja bem o lugar onde moro: vivo no meio de uma natureza exuberante. O meu trabalho, por si só, já consegue demonstrar isto, pois sempre remete à natureza. Eu gosto sempre de criar um objeto que emocione, de certa forma.

OSM: Como você realiza o processo de fabricação das peças? Você tem uma equipe de artesãos? O artista Felix rochas: mais do que um artista, é uma empresa?

Felix rochas: Primeiro, eu crio o protótipo da peça. Então, levo para a oficina, onde são produzidos todos os objetos. São onze artesãos que aprendem e trabalham comigo, a doraria que todos tivezem  carteira assinada. Assim, eu valorizo a inclusão social e coopero na geração de empregos na minha cidade. Eu acho que as atitudes precisam ser verdadeiras, da reciclagem à fabricação. Eu faço porque acredito nesta motivação. A convivência é tão espontânea que papel e conversa se interligam como sementes da mesma origem. Na oficina, cumprem-se as tarefas e as inspirações. É onde se dá a passagem do amorfo em direção à peça. A vida do papelão se transforma.



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